domingo, 21 de janeiro de 2018

O Movimento de IntegrAÇÃO livre em janeiro de 2018

O M.I.L. (Movimento de IntegrAÇÃO livre) está consolidando-se em uma visão libertária e desconstrutiva de um padrão sistemático que não satisfaz a totalidade dos capoeiristas. Uma proposta de trazer a simplicidade e a naturalidade das relações para através da camaradagem celebrar a rica cultura popular.

Assim aconteceu no último dia seis (06) de janeiro, na rua Águia Branca - bairro Parque São José , município de Belford Roxo, em frente ao Bar do Bill. Um encontro de amigos e camaradas dispostos a "vadiar" uma boa Capoeira livre de estereótipos e denominações com uma boa musicalidade e o "velho e bom" prazer de produzir cultura na rua junto ao povo na sua comunidade.


Camaradas de vários bairros da Baixada Fluminense e  outras tantas localidades da cidade carioca, junto à amigos da capital Paulista vindos especialmente para prestigiar e colaborar com o movimento, proporcionaram o sucesso da IntegrAÇÃO! Para abrir o ano de forma límpida e abençoada um chuvisco deu o ar da graça na Roda de Capoeira e seguimos com "ela".


Após a Roda de Capoeira o camarada Feinho junto a sua esposa Ana trouxeram os encantos do Jongo com uma linda roda aberta ao público. Essa é a principal ideia do Movimento, agregar elementos da manifestação cultural que caminha de mãos dadas com a Capoeira. E foi assim com o Jongo!


Após às manifestações o momento de confraternização entre os participantes torna-se naturalmente essencial e satisfatório, afinal o grande motivo de estar entre amigos é festejar a vida.

A próxima  Ação já têm data marcada: Dia 08 de setembro no mesmo local, em frente ao Bar do Bill, Rua Águia branca, Parque São José a partir das 18h. Sejam bem vindos e venham conhecer a CAPOEIRAGEM M.I.L. De braços abertos para receber todxs!

sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

CAPOEIRAGEM: "Expressões da roda livre"

Trecho do texto da obra autobiográfica (Russo de Caxias)

Em 1968, quando “peguei a aprender” os primeiros fundamentos da capoeiragem, com Idelfonso Ribeiro dos Santos, o Crioulo, uma “febre” de grande audiência de público lotava ginásios, de tal forma que o seu sucesso chegava a contagiar crianças, adolescentes e até mesmo adultos. Nessa febre cada admirador tinha o seu ídolo: Ted Boy Marino, Cavernário Viking, Rasputin Barba Vermelha, El Chiasqui, Tigre Paraguaio, Sérgio – o Magnífico, entre outras expressões, que junto a estes nomes, eram também apresentadas, em transmissões da Rede Globo de Televisão, nas noites de sábado, em seu horário nobre. Essa programação era, popularmente, conhecida como “Telecatch”. Enfim, o fato deste programa permanecer em minha memória e o grau de importância que tiveram estes personagens do ringue, que brilharam no cenário da luta, me levaram, antes de tudo, a apresentar aqui um pequeno trecho da matéria publicada no Jornal Extra, em 07 de janeiro de 2001, por Celso Júnior, com o título: 


Luta para Sobreviver
Parte dessa publicação pode ser lida com esse teor:

“O Assassinato de Wilson Rosaline, um dos intérpretes do mascarado Verdugo, personagem do Telecatch Montilla Show – programação de TV que exibia lutas simuladas nos anos 60 e 70 – não só reacendeu os holofotes sobre esses ídolos do passado, mas também expôs a dura realidade que muitos atores – lutadores – vivem atualmente. Sem fama e sem dinheiro, eles continuam lutando, só que agora para sobreviver – Alguns nascem para serem ídolos eternamente, outros para serem figurantes – diz Teti Alfonso, um dos idealizadores do programa e hoje diretor da Rede Bandeirantes, em São Paulo, ao tentar explicar o porquê do sucesso e do fracasso dos ex-lutadores.”


Além de ter sido uma febre, as apresentações das lutas simuladas a partir de fins da década de 1960 tornaram-se um grande risco para mim e para alguns garotos que conviveram comigo, pois não nos contentávamos em ter estes atores-lutadores como ídolos. Queríamos fazer o que faziam; lutar igual a eles. Então, improvisávamos ringues com cordas amarradas em estacas de madeira, e as fincávamos em cima de gramados em formatos retangulares e exibíamos o show para o mesmo público (a garotada) que queria participação. Ensaiávamos saltos acrobáticos, assim como imobilizações e quedas. Além de ter aulas de capoeira com o Crioulo, eu também recebia dele reforço em técnicas de Judô que me davam melhores condições para atuar nessas brincadeiras.
Recordo-me que, nesta época, ganhei um kimono que me fez sentir realizado por ter sido presenteado pelo Crioulo com algo de grande importância para um judoca. Era como se ele estivesse me presenteando com a sua própria essência, por ter percebido, acredito eu, a minha paixão pelos estilos marciais, os quais possuem um sistema de defesa pessoal, e a minha forte admiração pelos lutadores de catch (luta livre).
Naquele momento, ele entregava algo de si para mim, a responsabilidade de seguir como lutador.
Mas, sobretudo, foi na capoeira que eu encontrei o ideal elemento da luta e, ainda assim, segui admirando os “Reis do Ringue” sem desprezá-los como ídolos, reconhecendo a devida importância que cada um deles tinha.
Trago a recordação de que improvisei a calça do kimono, com o qual havia sido presenteado, para jogar capoeira.


Naquela época, era comum ver capoeiristas jogando nas rodas usando calças brancas até o meio da canela, sem camisa e descalços, algumas dessas calças com listras coloridas, mais comuns em “linhas de shows”.
   
Junto com alguns garotos, sonhadores como eu, comecei a formar um grupo de capoeira em torno dos bairros Parque São José e Parque Suécia em Belford Roxo, mantendo desde então a capoeira como uma pequena essência da minha alma, por já ter tido uma iniciação e orientações na arte desse jogo de mandinga, adquirindo uma considerável performance. O grupo de meninos dos quais me refiro não continuaram dentro da capoeiragem, mas creio que aqueles nossos momentos marcaram cada um deles, assim como marcou a minha vida.

Para a época referida, os ringues improvisados, assim como as rodas espontâneas feitas por nós nas ruas desses bairros, eram tipos de brincadeiras muito criativas. Hoje, muitas crianças não criam coisas desse tipo, espelhadas em algo ou em alguém como nós nos espelhávamos nos “Reis do Ringue”. Algumas estão presas aos videogames, apertando os botões dos seus joysticks (controles), sem se inclinarem a uma atividade física, de forma espontânea, como nós em nossa época.