O M.I.L. (Movimento de IntegrAÇÃO livre) está consolidando-se em uma visão libertária e desconstrutiva de um padrão sistemático que não satisfaz a totalidade dos capoeiristas. Uma proposta de trazer a simplicidade e a naturalidade das relações para através da camaradagem celebrar a rica cultura popular.
Assim aconteceu no último dia seis (06) de janeiro, na rua Águia Branca - bairro Parque São José , município de Belford Roxo, em frente ao Bar do Bill. Um encontro de amigos e camaradas dispostos a "vadiar" uma boa Capoeira livre de estereótipos e denominações com uma boa musicalidade e o "velho e bom" prazer de produzir cultura na rua junto ao povo na sua comunidade.
Camaradas de vários bairros da Baixada Fluminense e outras tantas localidades da cidade carioca, junto à amigos da capital Paulista vindos especialmente para prestigiar e colaborar com o movimento, proporcionaram o sucesso da IntegrAÇÃO! Para abrir o ano de forma límpida e abençoada um chuvisco deu o ar da graça na Roda de Capoeira e seguimos com "ela".
Após a Roda de Capoeira o camarada Feinho junto a sua esposa Ana trouxeram os encantos do Jongo com uma linda roda aberta ao público. Essa é a principal ideia do Movimento, agregar elementos da manifestação cultural que caminha de mãos dadas com a Capoeira. E foi assim com o Jongo!
Após às manifestações o momento de confraternização entre os participantes torna-se naturalmente essencial e satisfatório, afinal o grande motivo de estar entre amigos é festejar a vida.
A próxima Ação já têm data marcada: Dia 08 de setembro no mesmo local, em frente ao Bar do Bill, Rua Águia branca, Parque São José a partir das 18h. Sejam bem vindos e venham conhecer a CAPOEIRAGEM M.I.L. De braços abertos para receber todxs!
CAPOEIRAGEM: "Movimento de intergrAÇÃO livre"
O Movimento de integrAÇÂO livre é uma ação que reúne pessoas de diferentes escolas e segmentos da Capoeiragem com propósitos em comum, tais como: o de devolver ao povo o que ao povo pertence, isto é a sua própria cultura, desmistificar tipos de preconceito existentes até mesmo dentro de nossas manifestações, seguindo em busca do resgate de tantos outros valores, como de aglutinação de manifestações pertencentes a um populário de cultura riquíssimo e maravilhoso que o Brasil possui!
domingo, 21 de janeiro de 2018
sexta-feira, 19 de janeiro de 2018
CAPOEIRAGEM: "Expressões da roda livre"
Trecho do texto da obra autobiográfica (Russo de Caxias)
Em 1968, quando “peguei a aprender” os primeiros fundamentos da capoeiragem, com Idelfonso Ribeiro dos Santos, o Crioulo, uma “febre” de grande audiência de público lotava ginásios, de tal forma que o seu sucesso chegava a contagiar crianças, adolescentes e até mesmo adultos. Nessa febre cada admirador tinha o seu ídolo: Ted Boy Marino, Cavernário Viking, Rasputin Barba Vermelha, El Chiasqui, Tigre Paraguaio, Sérgio – o Magnífico, entre outras expressões, que junto a estes nomes, eram também apresentadas, em transmissões da Rede Globo de Televisão, nas noites de sábado, em seu horário nobre. Essa programação era, popularmente, conhecida como “Telecatch”. Enfim, o fato deste programa permanecer em minha memória e o grau de importância que tiveram estes personagens do ringue, que brilharam no cenário da luta, me levaram, antes de tudo, a apresentar aqui um pequeno trecho da matéria publicada no Jornal Extra, em 07 de janeiro de 2001, por Celso Júnior, com o título:
Em 1968, quando “peguei a aprender” os primeiros fundamentos da capoeiragem, com Idelfonso Ribeiro dos Santos, o Crioulo, uma “febre” de grande audiência de público lotava ginásios, de tal forma que o seu sucesso chegava a contagiar crianças, adolescentes e até mesmo adultos. Nessa febre cada admirador tinha o seu ídolo: Ted Boy Marino, Cavernário Viking, Rasputin Barba Vermelha, El Chiasqui, Tigre Paraguaio, Sérgio – o Magnífico, entre outras expressões, que junto a estes nomes, eram também apresentadas, em transmissões da Rede Globo de Televisão, nas noites de sábado, em seu horário nobre. Essa programação era, popularmente, conhecida como “Telecatch”. Enfim, o fato deste programa permanecer em minha memória e o grau de importância que tiveram estes personagens do ringue, que brilharam no cenário da luta, me levaram, antes de tudo, a apresentar aqui um pequeno trecho da matéria publicada no Jornal Extra, em 07 de janeiro de 2001, por Celso Júnior, com o título:
“Luta para Sobreviver”
Parte dessa publicação pode ser lida com esse teor:
“O
Assassinato de Wilson Rosaline, um dos intérpretes do mascarado Verdugo, personagem do Telecatch Montilla Show
– programação de TV que exibia lutas simuladas nos anos 60 e 70 – não só
reacendeu os holofotes sobre esses ídolos do passado, mas também expôs a dura
realidade que muitos atores – lutadores – vivem atualmente. Sem fama e sem
dinheiro, eles
continuam
lutando, só que agora para sobreviver – Alguns nascem para serem ídolos
eternamente, outros para serem figurantes – diz Teti Alfonso, um dos idealizadores do
programa e hoje diretor da Rede Bandeirantes, em São Paulo, ao tentar explicar
o porquê do sucesso e do fracasso dos ex-lutadores.”
Trago a recordação de
que improvisei a calça do kimono, com o qual havia sido presenteado, para jogar
capoeira.
Além de ter sido uma
febre, as apresentações das lutas simuladas a partir de fins da década de 1960
tornaram-se um grande risco para
mim e para alguns garotos que conviveram comigo, pois não nos contentávamos em
ter estes atores-lutadores como ídolos. Queríamos fazer o que faziam; lutar
igual a eles. Então, improvisávamos ringues com cordas amarradas em estacas de
madeira, e as fincávamos em cima de gramados em
formatos retangulares e exibíamos o show para o mesmo público (a garotada) que
queria participação. Ensaiávamos saltos acrobáticos, assim como imobilizações e
quedas. Além de ter aulas de capoeira com o Crioulo, eu também recebia dele
reforço em técnicas de Judô que me davam melhores condições para atuar nessas
brincadeiras.
Recordo-me que, nesta
época, ganhei um kimono que me fez sentir realizado por ter sido presenteado
pelo Crioulo com algo de grande importância para um judoca. Era como se ele
estivesse me presenteando com a sua própria essência, por ter percebido, acredito eu, a minha paixão pelos
estilos marciais, os quais possuem um sistema de defesa pessoal, e a minha
forte admiração pelos lutadores de catch (luta livre).
Naquele momento, ele
entregava algo de si para mim, a responsabilidade de seguir como lutador.
Mas, sobretudo, foi
na capoeira que eu encontrei o ideal elemento da luta e, ainda assim, segui
admirando os “Reis do Ringue” sem desprezá-los como ídolos, reconhecendo a
devida importância que cada um deles tinha.
Naquela época, era comum ver
capoeiristas jogando nas rodas usando calças brancas até o meio da canela, sem
camisa e descalços, algumas dessas calças com listras coloridas, mais comuns em
“linhas de shows”.
Junto com alguns
garotos, sonhadores como eu, comecei a formar um grupo de capoeira em torno dos bairros Parque São José e Parque Suécia em
Belford Roxo, mantendo
desde então a capoeira como uma pequena essência da minha alma, por já ter tido uma
iniciação e orientações na arte desse jogo de mandinga, adquirindo uma considerável performance. O grupo de meninos dos
quais me refiro não continuaram dentro da capoeiragem, mas creio que aqueles
nossos momentos marcaram cada um deles, assim como marcou a minha vida.
Para a época referida, os
ringues improvisados, assim como as rodas espontâneas feitas por nós nas ruas
desses bairros, eram tipos de brincadeiras muito criativas. Hoje, muitas crianças
não criam coisas desse tipo, espelhadas em algo ou em alguém como nós nos espelhávamos
nos “Reis do Ringue”. Algumas estão presas aos videogames, apertando os botões
dos seus joysticks (controles), sem se inclinarem a uma atividade física, de
forma espontânea, como nós em nossa época.
Assinar:
Postagens (Atom)